Os deputados federais piauienses começaram a se manifestar sobre o projeto de lei apresentado pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) que propõe o fim da escala de trabalho 6 x 1, ou seja, a abolição da escala em que o profissional trabalha seis dias por semana e folga apenas um. Na última quinta-feira (07), foi apresentada na Câmara Federal uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê revisar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e acabar com a escala 6 x 1 para o trabalhador brasileiro. E dois dos 10 deputados federais piauienses já se manifestaram a favor da proposta.
Merlong Solano, do PT, foi o primeiro a se posicionar a favor. Nas redes sociais, o parlamentar afirmou estar "do lado do trabalhador contra a jornada 6x1". "Eu sempre defendi a classe trabalhadora. E agora estou do lado do trabalhador contra a jornada 6x1", escreveu.
Outro deputado federal piauiense que já se manifestou a favor da proposta foi Florentino Neto, também do PT. Por meio das redes sociais, Florentino postou o voto favorável à PEC. "Estamos juntos na luta pela PEC DA VIDA ALÉM DO TRABALHO. Na luta!!!! Fim da escala 6x1", escreveu.
Além de Florentino e Merlong, o Piauí tem outros oito deputados federais. São eles:
Para que o texto tramite no Legislativo Federal, é preciso que um terço dos parlamentares do Congresso assinem a PEC. Na Câmara, isso equivale a 171 congressistas. No Senado, isso corresponde a 27 senadores. Até o momento, toda a bancada do PSOL assinou o projeto e pelo menos 39 dos 68 deputados do PT, que tem a segunda maior bancada da Câmara, também assinaram.
Dentre as legendas que compõem a Câmara Federal, a maior resistência em assinar a PEC do fim da escala 6 x 1 é do PL. Maior bancada da Casa, com 92 parlamentares, o PL tem apenas dois deputados com o nome na lista dos que assinaram a proposta. Já na bancada do União Brasil, que reúne 59 congressistas, quatro assinaram a proposição, assim como represetantes do Republicanos, Progressistas, PSDB e Solidariedade.
A escala 6×1 é um modelo de jornada de trabalho em que o trabalhador tem direito a um único dia de descanso semanal, após trabalhar seis dias consecutivos. Esse tipo de jornada é comum em setores como comércio, supermercados, restaurantes e telemarketing. A legislação da CLT estabelece que, em uma jornada de trabalho de até 44 horas semanais, as horas podem ser distribuídas de forma flexível, incluindo até seis dias de trabalho.
O movimento Vida Além do Trabalho (VAT), liderado por Rick Azevedo, busca contestar a escala 6×1, destacando os prejuízos à saúde mental e física dos trabalhadores. A ideia central do VAT é garantir que os trabalhadores tenham mais tempo para suas vidas pessoais e familiares, promovendo um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. O movimento ganhou força após um vídeo de Azevedo no TikTok, em que ele denuncia as condições de trabalho e defende melhores condições para os profissionais. A campanha já conta com uma petição online e ações em várias partes do Brasil.
Os defensores da PEC argumentam que a jornada 6×1 causa sérios danos à saúde mental e física dos trabalhadores, levando ao esgotamento, doenças ocupacionais como o burnout e até à morte, como indicado por dados da Organização Mundial da Saúde. Eles defendem a implementação de uma jornada mais equilibrada, que permita aos trabalhadores conciliar trabalho, descanso e vida pessoal. Por outro lado, críticos da proposta temem que a alteração na jornada de trabalho possa aumentar os custos para os empregadores e afetar a dinâmica de setores que dependem de trabalho contínuo, como os de serviços e comércio.