As eleições municipais de 2024 no Brasil estão sendo marcadas pelo uso intenso de pesquisas eleitorais, especialmente em cidades de médio e pequeno porte. Em locais como Picos (PI) e Anápolis (GO), candidatos têm utilizado dados para sustentar suas campanhas, gerando uma verdadeira “guerra de números”.
Em Picos, com 83 mil habitantes, a quantidade de pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já supera a de capitais como Porto Alegre e Florianópolis. Até o dia 26 de setembro, o município contava com 28 levantamentos, equiparando-se a cidades como Salvador e Curitiba. O atual prefeito, Gil Paraibano (PP), afirma liderar com mais de 40% das intenções de voto, enquanto seu adversário, Dr. Pablo Santos (MDB), apresenta pesquisas que indicam mais de 60% de apoio.
A situação se repete em Anápolis, que tem quase 399 mil habitantes. O município já registrou 42 pesquisas, superando cidades como Rio de Janeiro e Fortaleza. A disputa entre Antônio Gomide (PT) e Márcio Correa (PL) reflete a polarização nacional. Ambos os candidatos divulgam resultados que os colocam na liderança, intensificando a batalha pela influência eleitoral.
A quantidade de pesquisas nas eleições deste ano alcançou 11.440, o maior número desde 2012. Segundo Mara Telles, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), muitos institutos utilizam metodologias questionáveis. Telles alerta que essa situação não é apenas uma “guerra numérica”, mas uma “guerra de desinformação”.
Os investimentos em pesquisas ultrapassaram R$ 124 milhões, com a maioria oriunda do Fundo Partidário. O uso de gráficos manipulados e resultados inconsistentes tem sido comum. Em Parnamirim (RN), por exemplo, a disputa entre Professora Nilda (Solidariedade) e Salatiel (PL) exemplifica essa prática, com números divergentes sendo utilizados para reforçar a posição de cada candidato.
Com o avanço das campanhas, a preocupação com a qualidade das informações se torna central. As pesquisas, apesar de sua importância, podem gerar desinformação e influenciar indevidamente os eleitores.
Fontes: Metrópoles